terça-feira, 13 de dezembro de 2011

#Uma cidade como qualquer outra - Firenze


Primeira noite no albergue. Acordamos às 9h da manhã e fomos direto para o café da manhã. Tínhamos pão, manteiga, geleia de cereja, geleia de uva, nutella, cereais, leite, uma máquina de café e seus derivados, e suco de laranja (eles chamam de suco, mas na verdade, é pior do que remédio - #VivaOSucoDeLaranjaDoBrasil \o/\o/). Assim que acabamos de tomar café voltamos para o quarto e demos mais uma descansada antes de partir rumo a Firenze.

Saímos do albergue e logo sentimos o ar frio no rosto, como se fosse uma faca passando do nariz até a orelha. Compramos nossos tickets do ônibus, e não tardamos em colocá-lo na maquina dentro do ônibus assim que ele chegou. Estávamos mais uma vez sem rumo, até descobrirmos que nosso ônibus parava em frente a "Porta Romana", que seria nosso ponto de partida. Andamos mais um pouco, e encontramos um Instituto de Arte, com paisagens muito bonitas. Nossa entrada não foi permitida, mas conseguimos tirar uma foto de uma escultura enorme.




Nessa mesma rua encontramos a entrada para o Giardino di Boboli, os jardins do Palácio de Pitti. Assim como nenhuma das fotos é capaz de captar a dimensão e a beleza das igrejas e ruas pelas quais estamos passando, nenhuma dessas fotos é capaz de mostrar o tamanho desse jardim. Nós andamos, andamos, andamos, e parecia que nunca mais chegaríamos em lugar nenhum. Nos sentimos em um labirinto com árvores, flores, campos, esculturas de anjos, pessoas, lagos, piscina, e até um esquilo.

Você está vendo aquela árvore lá no fundo?
Pois é, ela era a metade do caminho. ¬¬'











Quando finalmente achamos que estaríamos nos aproximando da saída, descobrimos que nosso ingresso dava direito para visitarmos um dos museus que funcionava dentro do Palácio. Subimos três andares. Mas não foram esses três andares de apartamentos não... Possivelmente, cada três apartamentos do Brasil, equivaliam a um andar desse palácio... Imagina uma pessoa que já não está na melhor forma física, subir um lance de escadas infinitos e finalmente chegar no 3º andar do palácio. Esse era eu. Não podíamos tirar fotos no interior do palácio, mas vimos uma riqueza imensurável de artefatos, quadros, roupas épicas, calçados e relíquias... Não dá para imaginar, quando se vê de perto, como as pessoas naquela época tinham a capacidade de construir coisas tão, grandes, e tão belas. Sem palavras.

Demoramos alguns instantes para nos localizarmos no mapa, e então descobrimos que estávamos perto da Ponte Vecchio (Ponte Velha), a ponte mais bombante de Firenze. É toda formada por comerciantes de jóias, e provavelmente um dos lugares mais bonitos da cidade. Uma curiosidade (intrigante) da ponte, está ligada com a antiga tradição do amor, em que as pessoas trancavam um cadeado em algum local da ponte, escreviam o seu nome e do seu cônjugue ou namorado, e jogava a chave no rio.


Dessa maneira, os amantes se tornavam eternamente ligados. Porém, com o aumento expressivo do número de turistas na cidade, o governo estipulou uma multa de 50 euros para cada pessoas que fosse pega em flagrante colocando um cadeado na ponte.



Da mesma maneira que o centro da cidade de BH vende coxinha e pastel, aqui em Firenze eles vendem pizza. Se você olhar, você até acha que eles estão participando de um concurso de arte, porque uma é mais estranha do que a outra. Compramos a pizza e chegamos a ponte. A cidade estava com um clima estranho. Estava agitada demais, tensa. Não demos muita atenção: tiramos fotos, fomos atacados por pombos italianos (eles pareciam italianos rsrsrs), e partimos em direção ao centro da cidade.

Apesar da fome que estávamos, decidimos entrar em uma loja para vermos algumas roupas. Assim que entramos na loja, o alarme apitou: BIP BIP BIP BIP. O segurança da loja começou a perguntas se tínhamos alguma coisa dentro das sacolas que podia estar acionando o BIP dentro da loja. Dissemos que não e ele pediu para entrarmos de novo. Eu entrei primeiro, e não aconteceu nada. YES. Quando o Guilherme entrou: BIP BIP BIP. A situação já era cômica porque foi ele quem foi parado na imigração na Itália e teve que abrir mochila, responder a trocentas perguntas. Foi ele quem teve que conversar com o oficial dentro do ônibus e explicar que ele não passou o ticket por mal. E agora, era ele quem estava fazendo BIP. Não conseguimos descobrir o que era, e o rapaz pediu para quando saíssemos da loja, avisar a ele para ele ficar ciente. Não demoramos nem cinco minutos, e já partimos para a Spezziari para almoçarmos.

Firenze é uma cidade como qualquer outra. Estávamos tranquilos comendo nossa fatia de pizza com batata-frita e refrigerante, quando o clima estranho da cidade finalmente se tornou visível. Começamos a ouvir o barulho de muitas sirenes, vimos vários carros de polícia passarem numa velocidade muito grande, vários policiais armados, e uns 200 negros senegaleses andando na rua em direção ao centro da cidade. Era uma revolução. Saímos de dentro da Spezziari e fomos para a rua ver o que estava acontecendo. Alguns dos negros estavam batendo na porta de alguns ônibus, balançando as placas de trânsito na rua, e gritando algumas palavras que, até então, não sabíamos o que significava.

Vídeo que nós gravamos:


Quando chegamos no albergue, conseguimos descobrir o que tinha ocorrido:

"Gianluca Casseri, originário de Pistoia (Toscânia), segundo o site do jornal “Corriere della Sera”, iniciou o ataque num mercado situado na Piazza Dalmazia, no norte da cidade. Aí abriu fogo, matando os dois vendedores ambulantes e ferindo um terceiro que foi hospitalizado em estado considerado grave.

Segundo testemunhas, citados no “La Repubblica”, o autor dos tiros chegou ao local ao volante de um carro branco, disparou três tiros, entrou de novo no carro e abandonou o local. 

Depois de ter deixado a Piazza Dalmazia, Casseri dirigiu-se ao mercado de San Lorenzo, no centro histórico da cidade, onde voltou a abrir fogo, provocando dois feridos. De seguida suicidou-se com a sua arma, uma Magnum 357.

Depois da tragédia, um cortejo espontâneo de 200 pessoas, na sua maioria de origem senegalesa e próximos das vítimas, partiu da Piazza Dalmazia em direcção ao centro da cidade, gritando “Vergonha! Vergonha!” e “Racistas!”.

Indignado, um dos manifestantes lamentou a morte de inocentes: “Eles vinham para aqui vender muitas vezes e não incomodavam ninguém”, disse citado pela AFP." Fonte: 
http://www.publico.pt/Mundo/dois-senegaleses-mortos-num-ataque-racista-em-florenca-1524896

No local, encontramos com a Tatiana, uma russa que estava passando no local, e pedimos a ela para nos falar o que estava acontecendo. Apesar do momento de tensão que todos nós estávamos, quando paramos para lembrar dela contando a história do que aconteceu, é cômico. Ela estava tensa, e como não falava nem italiano nem inglês fluente, ela sempre misturava as línguas, e fazia expressões faciais para tentar explicar o ocorrido. Ela falou que estava perto local do incidente, e que viu tudo acontecer de perto, e que agora não sabia o que fazer, nem para onde ir.



Tatiana contando os fatos para nós e para um casal de italianos.
Depois que a praça esvaziou, fomos à estação central comprar nossos passes de trem para Roma. Pretendíamos voltar rápido para o albergue, mas fomos surpreendidos por uma loja de roupas muito barata e precisamos entrar. Demoramos alguns minutos bagunçando as roupas, fazendo o vendedor passar raiva, mas compramos uns cachecóis muito bonitos e umas blusas pullover também. Saímos da loja, passamos no MCDonald's, e fomos para o ponto do ônibus.

Aqui em Firenze, em cada ponto de ônibus você tem uma placa que fala quanto tempo o ônibus vai demorar para passar. Enquanto esperávamos o ônibus, fomos em uma banca japonesa com mochilas para olhar os preços, e mais uma vez os japoneses nos surpreenderam com seu desapego (ou não) ao dinheiro. A mochila custava 18 euros, e conseguimos ela por 13 euros. Até acho que conseguíamos por 10, mas estávamos com a cabeça no ônibus, então acho que fizemos uma boa compra (principalmente porque aqui na Itália, não é costume ficar pechinchando).

Viemos para o albergue e logo pegamos no sono...
Amanhã pego o trem para Roma, e aguardo ansiosamente ter mais histórias para contar.

Que Deus continue nos protegendo e nos livrando do homem mal !
#GodBless

Um comentário:

  1. Gente, você tá muito chique. As suas fotos nesse jardim estão maravilhosas, super estilo. Que bom que você tem lembrado de mim por essas bandas do mundo... rs. Já estou desesperada pelo semestre que vem (sem vc). Beijos e fica com Deus! Lorena

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